Introdução

Criptografia

Do latim cryptographia, formado de cript(o) - (kruptós 'oculto, secreto, obscuro, ininteligível') + -grafia (gr. -graphía, com o sentido de 'escrita'); É o conjunto de métodos e princípios da codificação da comunicação a fim de tornar a informação ininteligível para terceiros não autorizados.

Os métodos criptográficos desenvolveram-se conforme a necessidade e tecnologia disponível em cada época. Durante a antiguidade, as cifras limitavam-se a substituições e transposições e eram empregadas com diversas finalidades como enviar mensagens estratégicas em tempos de guerra, permitir a conversa entre dois amantes, guardar segredos comerciais ou simplesmente por estética.

O primeiro uso documentado da criptografia ocorreu por volta de 1900 A.C., no Egito, quando um escriba usou hieróglifos fora do padrão numa inscrição. Ainda na Idade Antiga, a Cifra de César foi amplamente utilizada na comunicação dos generais romanos. Tratava-se de uma cifra de substituição simples em que cada letra era substituída por outra letra k posições a frente no alfabeto, sendo k um fator de deslocamento.

Durante a Idade Média, os árabes contribuíram muito para os processos criptográficos, sobretudo na criptoanálise (procura de padrões que identificassem mensagens camufladas por códigos). Destacaram-se expoentes como Al-Khalil, Alquindi, Ibn Dunainir e Ibn Adlan.

Com a chegada do movimento renascentista e da Idade Moderna, novas cifras entraram em cena, com destaque para a Cifra de Vigenère, publicada em 1553 por Giovan Battista Bellaso e erroneamente atribuída a Blaise de Vigenère. Trata-se de uma cifra de substituição polialfabética, em que cada letra é deslocada de acordo com sua letra correspondente na palavra-chave.

A Cifra de Vigenère foi considerada inquebrável durante três séculos. No entanto, em 1863, Friedrich Kasiski foi o primeiro a publicar um método bem-sucedido de ataque. O ataque ocorre quando a chave é menor que o texto plano, ocasionando deslocamentos iguais ao longo do texto cifrado, sendo plausível de análise criptográfica.

Com o aumento da quantidade e do tamanho das mensagens enviadas, os processos de encriptação e decriptação estavam se tornando cada vez mais lentos, custosos e suscetíveis a erros, visto que eram feitos a mão. Em 1918, o alemão Arthur Scherbius desenvolveu a icônica Enigma: uma máquina elétrico-mecânica capaz de aumentar consideravelmente a velocidade dos processos, além de reduzir os erros. A Enigma operava através de cifras de substituição, contudo, a cada vez que uma tecla fosse pressionada, um novo mapeamento de letras era utilizado. Isso era possível graças ao giro de seus rotores.

Sendo amplamente utilizada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, quebrar a Enigma se tornou um objetivo crucial das forças aliadas. Foi então que os britânicos recrutaram Alan Turing e uma equipe de criptógrafos, que exploraram algumas vulnerabilidades da máquina, como o fato de uma letra nunca ser encriptada para ela mesma, além de vulnerabilidades de mau uso, como padrões conhecidos de previsão do tempo.

Graças aos esforços de Alan Turing e dos britânicos do Bletchley Park, estima-se que a quebra da Enigma antecipou o fim da guerra em dois anos e salvou milhões de vidas.

Claude Shannon, pai da teoria da informação, publicou em 1949 o artigo Communication Theory of Secrecy Systems (“Teoria da Comunicação dos Sistemas de Sigilo”) em que ele analisa a segurança da cifra One Time Pad e define matematicamente o que é uma cifra segura. Este artigo marcou o fim da era da Criptografia Clássica e deu início à era da Criptografia Moderna, em que os algoritmos são respaldados em conceitos matemáticos formalizados e aplicados no contexto da computação.

Hoje em dia, a criptografia é utilizada em diversos lugares que vão além da comunicação segura, como na encriptação de dados em um disco, na autenticação de usuários e nas criptomoedas.

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