2020 - API's e Serviços Rest
Em um mundo cada vez mais conectado, a web já não funciona apenas como um meio de distribuição de conteúdo mas também como provedora de diversos serviços que se tornaram essenciais ao cotidiano. Com a popularização dos dispositivos móveis, é cada vez necessário permitir que um mesmo sistema seja acessível tanto via browser quanto via aplicativos mobile.
Tendo em mente a problemática acima, iremos começar conversando sobre assíncronismos, API's, e padrões REST, mostrando no fim a importância desse conhecimento na área de segurança web.
1. Requisições Assíncronas
Vamos fazer uma viagem no tempo e lembrar um pouco como eram os websites no início dos anos 2000. O protocolo HTTP já existia (em uma versão mais nova) e alguns websites já serviam serviços aos usuários como redes sociais ou webmails.
Naquela época, toda vez que o usuário quisesse visualizar um novo conteúdo ou enviar algum formulário era necessário realizar uma nova requisição e recarregar uma nova página do servidor.
Mas hoje em dia as coisas não funcionam desta maneira. O feed do facebook, por exemplo, não necessita que o usuário realize um refresh em toda a página para carregar novas postagens e isso é possível devido às requisições assíncronas.
O AJAX (Asynchronous Javascript and XML) é um recurso da linguagem Javascript que foi adicionado em 2005 e é o responsável pelos comportamentos descritos acima, pois ele permite ao website enviar e receber dados do servidor sem a necessidade de toda a pagina ser recarregada.
Exemplo AJAX (fonte w3schools)
No exemplo acima, uma requisição GET assíncrona é disparada para buscar um arquivo ajax_info.txt
do servidor e, caso o servidor ache o arquivo e o retorne com sucesso, carrega seu conteúdo em uma tag cujo atributo é id="demo"
.
2. Application Programming Interface (API)
Caso você já tenha ouvido falar sobre alguns frameworks web como React, Angular.js, Vue.js ou outros, muitos deles são voltados para a criação de sistemas que separam a aplicação que irá consumir os dados (front-end) com a responsável pelo armazenamento e execução das funcionalidades (back-end). Uma das vantagens de fazer essa separação é a de economizar o tempo de desenvolvimento e centralizar o código para futuras manutenções.
Continuando a usar o Facebook como exemplo, o código central dele seria o responsável por buscar novos feeds, cadastrar uma nova postagem etc, enquanto o aplicativo mobile, browser ou desktop teria apenas a função de garantir a exibição desses dados em uma interface e disparar as requisições assíncronas com o servidor conforme o usuário interage com o sistema.
Alguns sistemas grandes, como o Twitter, possuem API's públicas cujo objetivo é permitir que desenvolvedores possam criar soluções que sejam integradas com seus sistemas, mas no geral em aplicações de médio e pequeno porte as API's são voltadas para o uso interno e exclusivo via algum client mobile ou front-end.
3. REST e Serviços RESTful
Ao pesquisar sobre API's e requisições assíncronas, é bastante comum se deparar com os termos REST e RESTful. Apesar de não ser algo tão importante para segurança em si, é interessante saber do que se trata, uma vez que ela permite alguns insights durante um teste de invasão e segurança.
No geral, o REST se trata de um conjunto de boas práticas feitas para garantir que uma API seja estruturada de maneira semântica e organizada.
Esse modelo foi proposto por um dos criadores do protocolo HTTP, Roy Fielding, e é muito utilizado nos dias atuais devido aos fatos que já foram citados no início desse texto.
Um exemplo simples de boa prática seria o uso correto dos métodos HTTP ao enviar uma requisição assíncrona.
No exemplo acima, ambas as requisições são mapeadas para uma mesma url na API. A primeira, no entanto, se trata de um GET e teria o sentido semântico de buscar os dados do usuário 13, enquanto o segundo seria uma ação de exclusão do mesmo.
4. XML, JSON, YAML
Quando uma requisição assíncrona é enviada ao servidor, é necessário que os dados sejam retornados de uma maneira estruturada e que possa ser processada pela aplicação do cliente.
Vamos supor, por exemplo, que queremos consumir os dados usados no exemplo anterior:
Existem diferentes formatos que o servidor pode utilizar para servir esses dados, sendo os mais famosos:
XML (Extensible Markup Language): é uma linguagem de marcação que utiliza de TAG's e se assemelha muito ao HTML. É visualmente menos legível porém permite a criação de atributos dentro das tags.
JSON (JavaScript Object Notation): é uma estrutura baseada em chave-valor bastante utilizada devido à sua legibilidade e clareza para transmitir os dados.
YAML (YAML Ain't Markup Language)
Dando um exemplo do possível retorno da nossa API em JSON e em XML, poderiamos ter algo como
Exemplo XML
Exemplo JSON
Como se pode ver, ambos os casos expressam os dados do mesmo usuário de maneira eficiente, cabendo aos desenvolvedores decidir qual é o melhor formato a ser utilizado no retorno das requisições.
5. E qual a importância?
A web está muito mais presente nos sistemas do que muitas pessoas acreditam. Seja um site, um aplicativo mobile ou até mesmo algum dispositivo IoT, geralmente há uma API sendo consumida por cada um desses itens e é importante que a mesma seja construída de maneira segura pois, caso contrário, sempre haverá alguém disposto a tentar se aproveitar das vulnerabilidades dessa aplicação.
A existência de API's inseguras muitas vezes permite o vazamento de dados sensíveis e este é o 3º tópico abordado no OWASP Top 10 . Um bom exemplo desse tipo de vulnerabilidade por ser visto neste caso da Nissan ou nesse da Sky em que ambos possuiam uma API que permitia o retorno de dados sem qualquer verificação ou senha por parte do solicitante.
Last updated